CPI quer material do STF sobre fake news, e defesa do bolsonarismo é teste para o Centrão

Por Portal de notícias em 27/05/2020 às 11:51:05

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News em andamento no Congresso já discute o compartilhamento do material da investigação que está em curso no Supremo Tribunal Federal – e que levou à operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira (27).

Deputados e senadores de diversos partidos querem aprofundar as investigações sobre os ataques às instituições - que, pelos alvos de hoje, levam a apoiadores do presidente Bolsonaro, tanto com mandato (deputados federais) quanto sem mandato (como blogueiros).

O aprofundamento das investigações no Congresso, no entanto, testará o nível de fidelidade dos partidos do Centrão (principalmente PP, PL e PTB) ao governo Bolsonaro. Os filhos do presidente são críticos do inquérito no STF, e o Planalto se preocupa com o avanço das investigações.

O deputado Eduardo Bolsonaro, inclusive, tentou parar os trabalhos da CPI, mas o STF negou o pedido. Os trabalhos da comissão foram prorrogados e estão suspensos por conta a pandemia, mas os parlamentares já discutem ampliar as investigações após a crise sanitária.

Nas palavras de um integrante da cúpula do Congresso, as investigações sobre fake news forçarão o Centrão a se posicionar e mostrar se os cargos entregues pelo governo ao bloco - e os que estão por vir - são suficientes para "pagar a fatura" do apoio a Bolsonaro apenas em caso de um eventual impeachment ou se já conta para uma "tropa de choque" e matérias incômodas ao governo, como das fakenews, que apura ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Nas contas de líderes, fora do Centrão, existem cerca de 280 votos com os quais o governo não conta. O Centrão pode chegar a 220 votos. E os demais são parlamentares soltos. A Câmara tem ao 513 votos.

Um dos principais presidentes de partido do Centrão disse ao blog nesta quarta-feira que o Centrão não vai blindar o governo Bolsonaro se a investigação "for específica contra ministros do Supremo Tribunal Federal". "Não vamos comprar essa briga contra o STF".

No entanto, afirmam que essa avaliação vale, até aqui, para deputados bolsonaristas e apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.

Ou seja, garantem apoio se a investigação chegar a familiares do presidente ou ao próprio Planalto . "O Centrão está fechado com Bolsonaro. A tendência é defender Bolsonaro e família, se for o caso. O nosso compromisso é com eles, mas não com apoiadores do presidente, muito menos com os deputados que atacam ministros do STF".

O problema, avaliam líderes que não participam do Centrão, é que o bloco que recebeu cargos do governo pode viver um impasse, se as investigações chegarem ao chamado "gabinete do ódio", que funcionaria com o aval do Palácio do Planalto.

Por isso, acreditam que o inquérito das fake news será uma espécie de termômetro do apoio do Centrão a Bolsonaro: se ficam com o bolsonarismo, ou se apoiam o eventual aprofundamento de investigações que atacam as instituições, como a própria Câmara e ministros do STF.

Fonte: G1

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